terça-feira, janeiro 30, 2007

um dia feliz

ontem foi um dia feliz. com essas coincidências engraçadas que acontecem de vez em quando, tipo uma aranha entrar logo na MINHA mala no reveilão, um amigo meu retornou do breu.

não que ele estivesse em coma ou em períodos obscuros. acontece simplesmente que eu não tive como falar com ele nos últimos 3 anos. em 2004 eu tive problemas com algum vírus, trojan ou hacker (leia-se cracker, pois esta é a expressão correta para indivíduos que burlam sistemas e códigos de programas. hackers, a rigor, são outra coisa e não têm nada a ver com o crime. estão mais ligados à própria invenção do PC, até). o resultado foi que comecei a receber reclamações sobre e-mails que eu nunca tinha mandado, mas tinham saído do meu computador. talvez usassem mesmo o meu e-mail, ou talvez usassem apenas meu ip como espelho, mas o fato é que eu resolvi, a coisa reincidiu e eu perdi minha conta do terra. v.moller@terra.com.br foi embora, levando todos os meus contatos e e-mails junto.

pois tal amigo responde pelo nome de thomas montanari (leia-se tomá montanarrí). é francês. e é um dos meus melhores amigos. ou pelo menos foi meu melhor amigo na frança. uma amizade típica das minhas melhores: brigamos por todos os motivos possíveis, especialmente na luta por conhecimentos científicos. ele ganhava todas em química e física, enquanto eu era o biólogo da coisa.

foi com ele que eu gravei minha primeira música, no verão boreal de 1995. a música era dele, na verdade. a idéia, pelo menos, porque na hora nós fizemos tudo improvisado. ele no meu teclado, eu na minha bateria eletrônica. depois que ele foi pra casa, eu usei um método muito rudimentar, porém eficaz, pra fazer a engordar: levei tudo do meu quarto pra sala. com um microfone suspenso acima dos meus instrumentos, ligado no poderoso aiwa do meu pai, eu dava play na fitinha no meu som, tocava novos teclados ao mesmo tempo, e assim fazia minha primeira gravação por faixas.

modéstia à parte, ficou do caralho pra dois guris de 13 (eu) e 12 (ele) anos. e é o primeiro registro que eu tenho dessa efervescência de arranjos que me toma toda vez que eu tenho uma música na minha frente. além do teclado que ele tinha gravado, eu ainda gravei mais 3. (eu já usava o órgão hammond de maneira furiosa, na época. praticamente um john lord). e a fitinha ficou comigo. e eu tenho a gravação. e um dia eu vou regravar a música, quem sabe com a absence of.

durante esses 3 anos eu cacei ele no orkut, no google, sites de relacionamento e afins. a única coisa que eu achei foi uma foto dele vice-campeão de um torneio de esgrima. e agora achei ele porque na última vez que meu pai foi lá a gente achou o último endereço dos pais dele, que eu tinha perdido. deixou uma carta, e justamente no dia em que eu posto um texto com um título em francês neste blog, recebo um e-mail deles.

a depressão de tudo isso é que, mais de 11 anos depois de voltar da frança, algumas palavras clamam por um dicionário. bleh.

***

um dia nem tão feliz assim.
ontem acharam o corpo da moça que desapareceu no rafting do rio das antas. a michele talvez só não fosse minha amiga porque ela não atendeu a todos os convites do ferdi pra fazer churrascos com a gente no QG.
ficar triste pela morte de alguém independe das qualidades que a pessoa tinha, mas se vale o relato, a michele era uma guria muito gente boa, simpática, divertida e bonita, também. isso ficava ainda mais evidente quando ela tava junto com uma prima muito mala que ela tem.

baixo astral.