sexta-feira, janeiro 19, 2007

os melhores amigos

dia 5 de janeiro fez um ano que fizemos terraplanagem na hiléia. pra quem não sabe, a hiléia era a banda de metal progressivo que eu tinha em rio grande.
na ocasião do 1 ano do fim, resolvi reler os últimos dias. ainda tenho praticamente todos os e-mails na pasta exclusiva dela no meu yahoo. não sei se é porque a banda significava demais pra mim, mas o fato é que eu nunca consegui deletar e-mail nenhum, nem jogar nada da banda fora. nunca deletei as fotos, os htmls da página (todos guardados no meu computador, as fotos editadas pra página, os comentários de shows. tenho tudo. tenho arquivos de midi que eu, o ivan ou o márcio produzimos nesse tempo todo.
tudo.
no dia em que eu li o email do ivan avisando que a banda tinha acabado eu fiquei meio atônito. cheguei em casa e abri o e-mail, ao meio dia, antes do almoço. tava lá a bomba final. não era exatamente a final. talvez se eu quisesse a banda teria continuado, mas eu achava isso inviável sem o ivan. sempre me perguntei como ia ser se a banda acabasse MESMO, mas acabou que eu sentei na cama e chorei. e fiquei mal mesmo, mas pensando bem isso era bom, pois o clima tava bem desgastado, ainda por cima por nossos 3 últimos shows terem sido bem complicados. teve um, inclusive, que nós nem chegamos a tocar, devido à péssima organização do evento.
resolvi reler os e-mails que eu troquei só com o ivan na época. por mais que a gente tentasse segurar as pontas, tava muito claro que era inviável. mas o que mais me bateu não foi isso: é que os e-mails eram absolutamente... gays. eu reli eles rindo baixinho aqui na agência, porque era muito engraçado mesmo. não vou publicar coisa alguma aqui, nem sonhem, mas eu me diverti mesmo. mesmo assim, eu entendi muito bem porque as coisas foram ditas daquela maneira. não, eu não sou enrustido.
a verdade é que o que nos colocou um do lado do outro foi justamente a banda. eu provavelmente não conheceria ele, e talvez a hiléia nem tivesse existido, se eu não tivesse começado a tocar teclado, ou seja, se não fosse o show do pink floyd em 94. ele virou meu melhor amigo por uma questão musical, e sempre tivemos esse medo de que, por falta de hiléia, a gente perdesse contato.
fiquei feliz relendo tudo isso, porque nada do que a gente temia aconteceu. muito pelo contrário: tirando o cruz, que sempre foi meio sumido, eu tenho uma impressão constante de que eu passei a me dar muito melhor não só com ivan, diogo ou márcio depois do fim da banda, como também com toda a turma. afinal, eu era sempre o "cara mais difícil" da hiléia. parece que saiu aquele peso de que eu vinha com as letras e dividia com o ivan as músicas, decisões sobre repertório, orientações musicais e outras coisas. todo mundo participava, mas as coisas mais pesadas ficavam com a gente. não que a gente não gostasse. eu sempre gostei de ser cabeça numa banda, mas às vezes isso gera alguns rancores. e como líder, nem sempre dá pra se desvencilhar de uma certa pecha de PATRÃO.

eu vejo o ivan bem menos do que quando a gente se conheceu, agora, mesmo que ele já tenha andado mais sumido. mas a única diferença entre antes e hoje é que a gente não discute mais as músicas da banda, mesmo que a gente tenha tocado um pedaço da nossa última música inacabada esses tempos, na casa dele, versão violão e piano, só pela brincadeira. agora discutimos sobre qualquer bobagem. mais ou menos como eu e o ferreira, que eu vejo ainda menos que o ivan, mas que nunca me nega um beijo, mesmo que depois que eu fui pra frança nós nunca mais tenhamos sido exatamente inseparáveis. tudo isso por conta de uma infância que a gente escalou juntos. ele me batendo e eu apanhando, afinal ele tinha um irmão mais velho e eu ainda fui por muito tempo filho único.

existem sempre aqueles que são grandes amigos, mas a gente sabe que os melhores são aqueles que, mesmo depois de muito tempo, uma passada de mão na bunda continua não sendo mais do que uma grande sacaneada e fruto de boas risadas. se não for assim, é porque pode até ter sido um amigão, mas não foi um top of mind.

é gigantesco o medo de perder pra sempre um melhor amigo.