sábado, dezembro 09, 2006

trânsito, morin e outras viagens - parte I

o que vou começar agora vai ser grande. imenso, provavelmente. mas são coisas que andam rondando minha cabeça, completando aniversário de uma semana agora. à primeira vista, algumas parecem não ter relação nenhuma com as outras, mas tentarei fechar a coisa. avante.

a. 431, 341
sexta-feira, há uma semana atrás, eu saí da pública apressado. depois de passar o dia vivendo ouro e prata, sonhava pegar o planalto das 19h pra rio grande. era situação de risco, já que eu saí da pública 18h20. pra rodoviária, iria de bus, o 431 ou 341. estávamos eu e a paula, que tava indo pra unisinos, na parada da carlos gomes em frente ao mãe de deus. vários ônibus passaram, menos o meu. começamos a ficar preocupados. eu perderia a viagem, a paula se atrasaria pra aula. bateu vinte pras sete e eu resolvi pegar o primeiro táxi que aparecesse.
o trânsito estava, evidentemente, bastante trancado em todos os cantos. mas o túnel foi clemente, e não deu aquela tranqueira final. desci na frente da rodoviária pagando meus 11,50. mal sabia eu que essa era apenas a primeira parte de uma história que, como em crash, ligaria mundos um tanto distantes e se prolongaria por alguns dias mais.

b. poa-rg
não demorou muito pra acontecer o próximo galho. logo na saída de porto alegre, ainda antes do primeiro pedágio, a estrada parou, em plena mão dupla. acho que foi ume bela meia hora esperando o ônibus avançar. descobrimos depois que tratava-se de uma obra. se eu não me engano, a concepa recém pegou a concessão da rodovia, então essas devem ser aquelas "obras-de-arte", feitas pro público apreciar e justificar o roubo 5km depois, na praça.

c. táxi
cheguei em rio grande com a meia hora de atraso na bagagem. ficou tarde o suficiente pra minha mãe não querer me pegar. catei o primeiro táxi que vi, prefixo 076. imediatamente o taxista me comentou do atraso do meu ônibus e seguiu até minha casa. as ruas estavam todas vazias, então ele não parou nos sinais vermelhos. achei prudente. aí chegamos em casa, o taxímetro deu 6,15 e aconteceu. estendi pra ele 6 reais, sem me dar conta que havia uma nota de 1 real a mais, escondida por trás.
- 7. - ele disse, me avisando.
- ah é. - peguei a nota de volta.
de repente, ele pareceu mudar de idéia.
- ah não! é que deu 7 reais. eu tou acostumado a vir aqui.
- mas o taxímetro deu 6 e 15.
- mas eu tou acostumado. com todo mundo sempre dá 7 reais. é que eu passei dois sinais vermelhos.
- tá mas... e daí? o senhor passou porque é madrugada e porque o senhor quis.
aí ele começou a se alterar. e zerou o taxímetro.
- mas eu tou acostumado, meu amigo. com todo mundo sempre dá 7 reais! essa diferença é que eu passei dois sinais vermelhos!
- mas tchê, o taxímetro marcou 6 e 15! o que eu tenho a ver se tu passou sinal vermelho? a gente podia os dois serem assaltados, sendo que quem tem dinheiro aqui é tu!
- meu amigo. é 7 pila. acredita em mim! o senhor acha que eu vou querer lhe passar a perna? e nem é 7 reais. é seis e setenta e cinco, dá 25 centavos de troco.
- escuta aqui. o taxímetro deu esse valor. eu não tenho que pagar a mais porque o senhor ACHA que é mais, se tem uma máquina que tá aqui pra isso! o senhor tá sendo imbecil.
- ah olha aqui, eu vou levar o senhor de volta pra rodoviária e o senhor volta a pé.
- tu faz isso, eu chamo a polícia.
- pode chamar!
- e tu ainda me traz de graça na volta.
- pode chamar a polícia!
o cara arrancou.
- eu vou levar o senhor de volta pra rodoviária.
- porra, não acredito nisso...
- não. vou levar o senhor na polícia mesmo, fica me ofendendo de imbecil, dentro do meu carro.
- me leva. vamo lá. vão achar que tu tá louco.
- não é possível. senhor conseguiu estragar minha noite. me admira o senhor, de onde veio, chorar por um real.
- não tou chorando por um real. tou reclamando que o senhor acha que eu sou idiota.
e ele seguiu, dando aquele monólogo sobre eu ter estragado a noite dele, que ele ganha por comissão e o caralho a quatro. mas acabou dando a volta na quadra sem que eu mencionasse nada.
- eu vou deixar o senhor aqui na esquina mesmo, e o senhor vai a pé até sua casa.
eu tava a 30 metros de casa.
- me admira o senhor, do lugar de onde veio, chorar por um real...
- tá. olha aqui ó. eu te dou 7 pila só pro senhor não ficar aí chorando.
- não! agora eu não quero! o senhor já estragou minha noite! sai daqui!
não consegui empurrar o real da discórdia. peguei minha mala e fui pra casa.