Ontem foi um dia perfeito, esse feriado que eu já não lembro mais seu porquê. Pelo calor. Não que eu tenha achado o calor excelente. Eu realmente prefiro suar do que tremer, mas aquilo quase me destruiu em dois momentos: primeiro no ensaio, que eu terminei tocando 20 minutos de bateria, e depois no futebol, que, bom, não exige explicações.
O fato é que “calor” vinha sendo um tema, uma questão que eu andava observando, procurando. Fui a Rio Grande e resolvi abrir um livro que tem tudo a ver com o meu novo quarto lá: As 100 melhores histórias eróticas. Ou Os 100 melhores contos eróticos. Não lembro. O que tem a ver com meu novo quarto? Tem uma cama semi-casal que é uma delícia (o que é uma novidade num quarto meu, dormir numa cama grande sem ser um sofá-cama arriado no chão), a qual minha mãe me anunciou como “pra quando tu trouxer alguma namorada”. Fui imediatamente procurar alguma possibilidade no orkut. Mentira.
Mas não é só isso: o quarto ficou tão afudê que eu queria que o meu,
Acontece que, eu tenho que admitir, eu adoro ler putaria. Quem me conhece bem sabe. Ver, também, mas filme pornô dificilmente vai apresentar sedução, e mais dificilmente ainda alguma sedução convincente, já que o negócio é ser uma grande fodedeira ou ter um pau grande. Textos, trechos, contos eróticos é que matam a pau. Não sei passar por um site de tal material sem ler pelo menos UMA historinha.
Às custas disso, esses dias eu passei talvez uma hora lendo o site da Bruna Surfistinha, me divertindo horrores com a naturalidade com que ela contava tudo aquilo. Era atraente somente pelos fatos, e não pela maneira como eles eram contados, evidentemente, mas tratam-se de histórias inquestionavelmente reais, e isso garante aquela curiosidade do tipo quando um amigo conta uma história dele ou rola aquele “Me disseram que a fulana fez...” na mesa da cerveja. Nesses momentos, não tem como negar, é uma delícia saber daquela colega de aula que tu sempre acreditou que fosse uma puta de luxo.
E o primeiro registro que eu tenho do gosto por essas leituras está justamente num texto que constava nessa coletânea de histórias de sexo. “Calor”, do Luiz Vilela – um homem recém-operado e sua sobrinha mais do que querida, sozinhos num quarto de hospital. É quente. Eu li ele pela primeira vez numa Playboy que eu suspeito que seja a da Paula Melissa, de 1996. Se for, o texto realmente não foi o único motivo pra eu ter aquelas páginas na minha cabeça e no meu... coração hehehe. A capa já era um tesão, e o ensaio era mais ainda, mas a flecha no coração é a Paulinha de quatro, apoiada na beira da cama. Aquilo é imperdoável, não se faz. Pensando melhor, se faz sim, e ainda bem.
Foi o primeiro de vários que eu não deixei passar sem ler, mas o que importa mesmo é que o título era astutamente apropriado. Até porque a Playboy da Paula Melissa era a de fevereiro, se eu não me engano. De janeiro não era, porque essa foi a da Anelise Lopes, uma loira gaúcha.
Então calor. E vinha fazendo calor mesmo, mas ontem, que eu tinha me proposto a ver se achava o conto na Internet (sem sucesso), fez um calor infernal
Então eu cheguei em casa, ainda de manhã, do centro, com o CD nas mãos e botei pra tocar. Fiquei alucinado: era o Dark Side of the Moon dos anos 2000, de tão genial, de tão complexo. Não sei ainda se tem sincronia com algum filme, mas o conceito e a emoção natural do Gildenlöw nas letras já basta, além daquela cara feia, queixuda e dona de dentes tortos dele: é o verdadeiro filho do Roger Waters, com o feeling do David Gilmour e uma interpretação sem igual na música humana. Em Diffidentia isso tudo fica muito evidente, e eu normalmente suo ouvindo ela.
Deu certo. O ensaio foi um tesão absurdo. Nós 4 (o Arthur não foi) estávamos absolutamente centrados, e com level 100 de feeling. Infelizmente o ensaio era apenas de 2 horas. E, como já falei antes, terminei ele tocando bateria, trocando de instrumentos com o Chan. Acho que não tinha melhor maneira de terminar o ensaio, mas em compensação eu não faço idéia de como terminar esse texto enorme de uma maneira tão boa quanto. Culpa do calor.
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