sexta-feira, junho 15, 2007

symphony 10.

é uma boa média. a cada 2 anos, aparentemente, meu aniversário é regado a um showzaço. em 2005 a onda foi aberta com o show monumental do australian pink floyd no gigantinho, que abriu o show com breathe e me fez chorar de vontade que meu pai tivesse ali. ou de voltar 11 anos, pro 11 de agosto de 1994, dia em que eu nasci pela segunda vez.

a primeira vez que eu escutei symphony X provavelmente é inesquecível, porque é uma cena bem clara na minha cabeça. estávamos na casa do márcio, em rio grande. a hiléia era uma banda recém formada e recém estreiada em ensaios. não sei se era setembro ou outubro de 2000, mas éramos eu, o erik e o ivan no quarto do nosso guitarrista, escutando músicas e teclando no mirc.

lá pelas tantas, entra uma música com uma escala rápida na guitarra, pra baixo. era metal melódico, mas o clima da música era legal, com teclados bem colocados e um vocal pouco comum. fire in the sky, daquela bixona sueca/americanizada chamada yngwie malmsteen. malmsteen não pode ser um nome de graça. ele realmente faz umas músicas bem adolescentes, cheias de arpejos e punheta. tanto é que até hoje eu não consegui gostar de mais nada do cara.

foi um bom prelúdio. não sei se foi a música seguinte ou se houve uma, duas ou três no meio. mas tanto faz, porque a sensação que eu tenho é que foi na corrida, mesmo: entrou um riff escondido atrás de um efeito radiofônico na guitarra. e aí ela explode com a banda inteira entrando junta no riff, a bateria desmontando o 4/4, agressiva pra caralho. acho que a reação dos 4 foi a mesma:
- bah.
veio o vocal e a agressividade continuou, na medida, com aquela voz cantando monstruosa ali.
- que que é isso aí??
era of sins and shadows.

nas semanas que se seguiram o trabalho foi de pesquisa. descobrimos que o tal de symphony X estava prestes a lançar um album. conceitual, ainda por cima. assim que ele saiu, vieram as mp3, e aí eles firmaram a monstruosidade deles nas nossas testas. o márcio baixou quase tudo e foi mandando aos poucos, a expectativa aumentando. a patada de evolution (the grand design), a sinuosa fallen.

aliás, o meio de fallen é pra matar o cara do coração. entre 3:20 e 4:29 eles jogam o ouvinte numa fase bônus do sonic 2, alternando anéis com pedras negras no caminho. nesse trecho, sempre tive a sensação que eu era o próprio fallen com minhas asas. primeiro, eu estou no topo de um penhasco, me preparando pra me jogar sobre uma planície rochosa em tatooine. me jogo e vou ao limite do chão. vôo rasante em alta velocidade por entre pedras gigantes, sobre a areia. então ganho altura e observo tudo de cima, pra me deixar cair de novo e mergulhar de volta por entre o solo de rochas farpadas. por onde eu passo, toco fogo em tudo e conclamo meus discípulos a destruir o mundo perfeito de atlantis como vingança por ter sido excluído e exilado.

viajei. seguindo, então. vieram também a lindíssima e esperançosa communion and the oracle, o mistério de egypt e a raiva disciplinada da instrumental e monumental the death of balance/lacrymosa. aliás, essa também veio com a pecha de ser um plágio de the mirror, do dream theater. e não parou por aí. o cd trouxe várias outras músicas excelentes, como the bird-serpent war/cataclysm, as duas rediscovery e a fool's paradise, com sua abertura destruidora na bateria.

o que aconteceu foi que no início de 2001 eu comprei o cd em porto alegre, e fui pro cassino com ele, onde a gente ia veranear. o verão foi basicamente isso: nós andando pelo cassino entoando o refrão de evolution, hahahaha. eram grandes tempos.

pois ontem, com 6 anos e meio de atraso, o symphony X veio a porto alegre. fez um showzaço de apenas 1h20 de duração. curto demais, e ainda assim showzaço. abriram justamente com of sins and shadows. e depois emendaram inferno (unleash the fire), evolution, communion and the oracle, músicas do novo album (the serpent's kiss, entre elas) entre outras, até o final extremamente foda com the odyssey. bater cabeça, air guitar, air drums, air teclado e backing vocals de estourar as veias foram a tônica da platéia.
e também gritar "PORCO! PORCO! PORCO!" nas pausas entre uma música e outra.

michael romeo é realmente virtuoso e chato na mesma proporção, quando sola. talvez uma coisa leve à outra. mas na hora do riff, o porco manda muito bem. michael lepond é um baixista muito engraçado. parece que ele toca numa banda pop, porque não tem a mínima cara de mal. michael pinnella é excelente, mas nunca me chamará atenção. acho que ele nunca vai conseguir se libertar das amarras da música clássica e, portanto, vai ser sempre um tecladista de linhas não truncadas, mas trancadas. jason rullo é meu principal candidato ao título de "maior anão do mundo", mas MÓE a batera.
e finalmente, sir russel allen. sobre ele, só vou dizer que ele foi imediatamente para o terceiro lugar do meu ranking BEST VOCAL LIVE PERFORMANCE. só perde pra daniel gildenlöw (Deus) do pain of salvation e corey glover do living colour.

apresentação irretocável, a não ser pelo fato de que o pinnella simplifica demais os timbres ao vivo, na minha opinião. mas valeu a pena. mais uma camiseta comprada. mais um aniversário em alto e bom som. e com grandes companhias. depois, saímos para tomar uma cerveja no cavanhas e discutir se a libertadores mais foda foi a ganha pela heineken ou pela polar.

e lá se vão 25 anos de fascinação pela Música.




na seqüência: inferno (unleash the fire), communion and the oracle e sea of lies. all videos por sr. erga omnes.