quinta-feira, junho 21, 2007

as origens.

o olímpico monumental me conhece desde 1996. no dia seguinte ao grêmio perder pra portuguesa, no primeiro jogo da final, eu fui acordado pelo meu pai bradando pra nossa empregada colorada. ele na sala, indo em direção à porta, ela na cozinha:
- vai dar sim, dona teresa! e nós vamos ver esse jogo LÁ.
foi um dos melhores bom-dia da minha vida. pela primeira vez eu ia ESTAR LÁ. 15 de dezembro de 1996 foi um dos dias mais fantásticos da minha vida.

mas demorou pra eu voltar. só consegui ir ao olímpico de novo em 98, e vi duas derrotas. uma delas pro river, de 3 a 2. e ainda voltei pra perder pro são caetano, em 2000. coincidiu comigo rodando no vestibular.
voltei ao olímpico no dia 10 de junho 2001. logo depois de sair do vestibular da ESPM. "vitória" de 2 a 2 contra o corinthians na final da copa do brasil. até entrevistado pela rádio eu fui, depois do jogo.
o grêmio foi campeão na semana seguinte, eu passei no vestibular e vim pra porto alegre.

de lá pra cá, perdi a conta de quantos jogos eu vi no olímpico. em 2001, mesmo, vi meu primeiro gre-nal no olímpico. praticamente arrastei o lourenço pelo pescoço pro jogo. 1 a 0 com um golaço espírita do luís mário. perdi o jogo contra o flamengo na sul-americana por causa de uma prova no dia seguinte.
em 2002, vi libertadores, copa do brasil, brasileiro e gauchão. vi o rodrigo mendes perder todos os gols do mundo bem na minha frente, contra o santos, e deixar de classificar o grêmio pra final do brasileirão. mas também vi o rodrigo fabri classificar o grêmio pra libertadores.
em 2003, abri o ano com um gre-nal desgraçado, de chuva, de virada colorada e, pra desespero total, do pior lugar do mundo pra se ver um jogo: as sociais do grêmio (talvez as cadeiras sejam piores). acompanhei da arquibancada a não-queda, mas em 2004 não me escapei.

corta.

25 de junho de 2005. eu tou sentado na arquibancada do olímpico com o lourenço. o jogo é bem ruim e tem 5 mil pessoas no olímpico. o grêmio vence por 1 a 0. o dia não estava simplesmente nublado, em porto alegre. era PRETO. chovia aos cântaros, sem parar.
naquele dia o lourenço, lerdo como sempre, me deixou esperando 10 minutos na rua, abaixo de chuva. eu tava com o ingresso dele. nós só entramos quando o jogo começou. lá pelas tantas um de nós falou algo tipo:
- cara. isso é muita loucura.
e era mesmo. era o grêmio na série B, com toda aquela chuva, o SANTO ANDRÉ do outro lado, e nós dois estávamos lá. como estivemos no jogo anterior e como estaríamos em vários posteriores.

pensando agora, é estranho. era mais fácil ver jogo com o lourenço na segunda divisão do que foi naquele grenal de 2001. na verdade, eu tenho a sensação de que foi mais fácil do que TODOS os anos anteriores.
era aquele sentimento de "agora é com a gente". ir aos jogos, torcer, pagar o ingresso pra ajudar com os R$7,5 milhões a menos que viriam naquele ano. eram os caranguejos erguendo o barco de jack sparrow. ou então, era a versão futebolística daquele provérbio chinês (quando não se sabe de onde vem, é porque deve ser chinês): ame-me quando menos mereço, pois é quando mais preciso.
no dia 26 de novembro, a recompensa pela dedicação veio da forma mais absurda possível. ou melhor: da forma mais inacreditável.

se eu vasculhar a minha gaveta, talvez ainda ache ingressos de 2005. e eles não são tatuagens: são cicatrizes. foram o mal MAIS do que necessário: foram o mal por pura opção. porque ninguém nem nada me obriga a estar lá. mas eu quero, eu vou.

nem todas as pessoas que viram a segunda divisão comigo falam comigo hoje. a vida dá suas voltas. mas eu vi todas elas renascerem como gremistas durante a série B. e tenho certeza que, assim como estavam ontem, todas elas ESTARÃO SEMPRE LÁ. ATÉ O FINAL.

obrigado, tricolor.