sexta-feira, novembro 16, 2007

ausência de cabaço - o primeiro show da Absence Of.

o primeiro show a gente nunca esquece? esquece, sim. se um dia eu achei que eu nunca ia esquecer como foi esse show citado pelo post logo abaixo, eu tava redondamente enganado. fui perguntar pro ivan e ele foi mais longe ainda, dizendo que a gente provavelmente tocou the worst day of your life. eu andava pensando em não escrever reviews sobre os shows, mas quando me liguei que foi o site da hiléia quem me lembrou do nosso primeiro show, me liguei de como isso acaba sendo importante pra não esquecer algumas grandes bobagens.

então lá vai. o primeiro show da absence of foi simplesmente FODA. essa é a minha opinião, mesmo. fiquei com a impressão de que a gente acertou de 90 a 95% do show. como eu já vi até dream theater e pain of salvation errar, tou bem satisfeito com nós mesmos, hehehe. sobre o público, ao mesmo tempo em que não tinha todo mundo que eu esperava, achei que tinha um público legal quando a gente resolveu subir pra montar de vez as coisas e encarar. a todo momento entrava mais gente, mas eu não sei exatamente pra quantas pessoas tocamos.

então por volta da meia noite, depois de eu acertar o volume do retorno com o cara da mesa, a gente tava pronto, e o chan marcou 2 tempos pra gente abrir com o peso de I'm coming, usando ela exatamente pra função que ela foi criada: começar. a partir desse momento, foi quase uma montanha russa. I'm coming foi reta, praticamente sem nenhum sobressalto. não errei nenhuma das bobagens que eu costumo errar em ensaio, o que já me deixou bem mais confiante. depois dela, emendamos analog kid, do rush, com seus refrões etéreos. por pouco não rolou aquele teto que eu tive na festa do mar, com a hiléia, em 2003, quando, assim que eu bati o primeiro acorde do primeiro refrão, eu praticamente entrei em transe de tão afudê que é aquele trecho. quarta-feira eu senti de novo a força daqueles choirs em fa maior. sensacional.

depois da abertura, o arthur anunciou a primeira das músicas que a gente tinha certeza que ninguém ia conhecer. blank é muito do caralho. ela é reta, mas com acordes altamente bizarros e um baixo marcadão, além de ter uma parte do meio bastante viajante e um final cheio de harmonias vocais e backings. fiquei surpreso por ela ter saído tão limpa. também gostei de ouvir, depois, os "pô, muito show aquela música que eu não conhecia".

depois de blank, veio aquela que é a maior candidata a "primeiro clássico da absence of". não pra menos, assim que o orontes começou o dedilhado e eu fiz a cama de acordes, rolou um "uhuuuu!" lá do fundo. impossível saber se alguém sabia cantar junto, mas talvez não tenhamos sido só nós a nos despedir de Bunker Hill. e ela saiu fácil. o solo dela saiu praticamente 100%, resultado de ter passado uma hora treinando ele na véspera.

segurei o último grave de goodbye Bunker Hill pra cair meio tom no pitch bend e chegar num dó que chegou a me arrepiar. sou apaixonado por who? desde a primeira vez que eu criei o dedilhado dela no teclado, sem querer (pra variar), sozinho em casa numa noite do verão de 2002. de lá até início de 2005, ela foi lapidando na minha cabeça, quase sozinha, até que eu tive que dar uma puxada de rédeas nela, senão ela ia virar um monstro. mas não virou, e eu considero ela a minha obra prima, dentro das minhas exigências e chatices sobre o quanto uma música só é perfeita se o instrumental responde com aquilo que a letra tá pedindo. nela eu tenho certeza absoluta de que consegui. o engraçado é que eu arrepiei justamente no som que, diferente das outras músicas próprias da noite, tava estreando pela segunda vez. who? foi tocada pela primeira no dia 7 de dezembro de 2005, em pelotas, pela hiléia. pra 11 pessoas.

e eu continuaria tranqüilo pela música inteira, não fosse pelo fato de que, lá pelas tantas, o retorno deu pau e o teclado sumiu. o engraçado é que eu não errei nenhuma linha de teclado por culpa disso, mas esqueci de entrar num backing vocal. mas tudo bem... a música tá gravada mas não foi lançada, então ninguém vai saber se eu errei ou não, mesmo. e, pra minha felicidade, meu solo de piano saiu quase perfeito. fiquei impressionado também com o potencial live dessa música. ela ficou muito melhor do que em qualquer ensaio.

no intervalo pra próxima música, enquanto o arthur anunciava que, depois de uma música como who?, que é uma balada em 4/4, 5/4, 4/8 e 5/8 (se é que isso existe), nada melhor que outra balada, a mesa acertou de novo o retorno pra mim. e fomos pra tal da balada. balada? herd abre com um riff destruidor de guita, baixo e batera. e logo depois eu entro com um solo curto de teclado no timbre mais derek sherinian que eu tenho, que poderia ser chamado de "metal cat from hell (with wah wah)". depois disso, ela acalma um pouco pra primeira estrofe, mas vai crescendo aos poucos, de estrofe em estrofe, até que a gente estoura de novo o riff inicial, volta pra terceira estrofe mais pesada e entra nas partes do meio que, mesmo sendo em 4/4, são produto de cabeças dementes. ela deve tar sendo ensaiada de verdade faz só 2 meses, e, pra completar, eu ainda inventei de última hora que num determinado trecho eu ia deixar de fazer um tema de piano elétrico pra meter um solo de lead. (porque eu tinha só um SOLO de lead no show, o de Bunker Hill). tinha tudo pra dar errado, mas tirando um erro do chan, saiu de barbada, também.

repetindo todas as outras músicas, fomos bastante aplaudidos no final dela. eu não tinha mais motivos pra achar que a gente não tava agradando, e houve até quem dissesse que a absence of foi quem teve os maiores índices da noite no aplaudômetro. por isso, chegando no fim do show eu já tava tri tranqüilo. vai um porcupine tree aí? apesar de ser cover, eu tava LOUCO pra tocar blackest eyes. primeiro porque ela é deixar o cara com ganas de quebrar tudo. segundo porque eu me prestei a simular os efeitos viajantes de mellotron que o steven wilson sempre bota nas músicas e bolei uns timbres pra cumprir esse papel. e ficou tri bom! I've got a wiring loose inside my head, I've got books that I never ever read, SWIM WITH ME INTO YOUR BLACKEST EEEEEEEEEEYES!

e aí chegou a hora de dar a finaleira. one warm day e todo o sentimento de libertação que vem com ela e a mulher que quer se livrar de toda aquela merda que virou o relacionamento dela. riffzão no baixo, banda entra junto, estrofe pop, refrão chiclete, estrofe pop pesada, refrão chiclete mas com arranjo diferente, riffzão. pausa! o piano entra em cena e a banda parte pruma viagem com solo de baixo, piano com influências latinas, a guitarra fazendo cama pra tudo isso, swing na batera. pára de novo. a guitarra faz o riffzão com um timbre maluco e todo mundo explode durante o meu solo de hammond. e mete pau nessa porra que vem o refrão final, mais vibrante que os anteriores e eu tenho que botar minha goela lá em cima pra cantar "OOOONE WAAAARM DAAAAAAAAAAAYYYY" em harmonia com o daniel enquanto o arthur "sola" as últimas frases da letra. final com hammond fazendo a harmonia, a guitarra viajando, o baixo marcando o grave. fim de show.

o que eu ouvi de comentários legais depois não tá no mapa. ouvi comentário até sem querer, quando o pessoal da epitaph, no final da noite, tava comentando com um dos fãs deles que antes tinha tocado a ankh e uma banda nova, a absence of, que fez um show animal. eu tava passando atrás deles, com meu teclado na mão e larguei um "po, valeu!". e aí os caras vieram bater um papo comigo e repetiram tudo o que eles tinham achado da gente. o batera me garantiu que a gente virou referência certa pra marcar novas parcerias. bom começo.

foi legal, também, que tinha muita gente no lugar que já me conhecia da hiléia. gente, inclusive, que era FÃ da banda nos tempos áureos de shows em pelotas. além, claro, da opinião de alguém da própria hiléia. fiquei estupidamente feliz do márcio ter ido ver esse show. e falando em hiléia, se teve uma coisa que eu pude perceber claramente nesse show foi a diferença entre o vinícius ausente e o vinícius hiléico, errando coisas idiotas no palco. me senti absolutamente maduro e consciente do que eu tava fazendo lá. eu já vinha achando que eu consegui crescer musicalmente nos últimos tempos, mas ao vivo a sensação foi muito forte.

o post tá longo e eu não sei como terminar. se eu tivesse que resumir tudo, eu diria que eu fiquei absolutamente feliz de ver outro projeto musical meu mostrar a força que mostrou. pra variar, achar os caras certos pra encarar isso foi fundamental. foi assim com a hiléia, é assim com a absence of.
ou seja, eu sou o máximo! :D