confirmando meu post de ontem, um sabiá-do-campo acabou de pegar um tufo de terra do meu pátio e levou pra um dos vizinhos da frente. ele, que normalmente é um bicho gritão e inquieto, ficou horas analisando o momento certo de atravessar a rua. só voou quando a kombi estacionada do outro lado da rua arrancou.
burro ele não é. melhor não deixar ninguém ver onde ele vai construir o ninho dele. mas eu vi. :D
domingo "pela manhã" eu finalmente saí da toca e atravessei o pátio daqui de casa atrás de uma toalha seca. ainda tava pensando no dia espetacular que fazia quando me dei conta de que alguns passarinhos faziam uma ALGAZARRA na antena do vizinho, e não era canto de sabiá-laranjeira, sabiá-do-campo, bem-te-vi,cambacica, asa-de-telha, sanhaçu-cinzento, "ferdi ferdi ferdi" de pardal (sem sacanagem: pardais dizem "ferdi") ou qualquer outro bicho mais comum por aqui nessa época. eram 10 andorinhas, em pleno agosto. e fora elas, no céu tinha outras várias fazendo suas acrobacias.
então as andorinhas já chegaram, o sabiá-laranjeira já canta horas a fio no meio da maior árvore do pátio e o filho-da-puta do sabiá-do-campo já caga a pau todo e qualquer passarinho que se aventurar a pousar e procurar comida no que o tirano considera território exclusivamente dele. e dos (futuros) filhotes dele.
nada compreendendo compreende-se rapidamente que a política brasileira se moldou de forma a não ser compreendida de jeito nenhum. ontem o nosso senador highlander josé sarney discursou no senado sobre euclides da cunha, respaldado (?) pelo pretexto de que, no último dia 15 a morte do escritor completou 100 anos. durante uma hora.
incompreensão #1: para que serve o senado brasileiro?
sarney apenas discursou durante uma hora porque eduardo suplicy interrompeu com um assunto mais pé no chão. cobrou do imortal a situação nebulosa da casa e afirmou que depende de sarney elucidar de uma vez por todas as inúmeras acusações que ele tem sofrido, ao invés de simplesmente calar a boca de quem acusa usando medidas legais. (essa parte me pareceu fazer sentido, mas não tenho certeza).
a defesa do sarney foi mais ou menos a seguinte: "vossa excelência não está ferindo uma regra minha ou da casa. está ferindo uma regra acima desses contextos. vossa excelência está ferindo A MEMÓRIA DE EUCLIDES DA CUNHA ao me interromper enquanto eu estou no púlpito, que é o lugar de quem tem a palavra".
incompreensão #2: ?!!?!?!?!?!??!?!?@#!#$%$¨&?!
porra, eu sou uma negação em assuntos políticos, eu sei. mas o sarney aplicou um legítimo "THIS IS CHEWBACCA" no suplicy. e, talvez pelo fato do senado estar quase que totalmente vazio naquele momento (o que deve diminuir bastante as chances de haver cabeças realmente pensantes por lá), aparentemente ninguém se juntou ao suplicy pra dizer "peraí, porra" e pedir pro velho coronel ao menos não chamar a todos de burros.
daí a incompreensão #3: como discutir com um babaca desses?
pra quem não sabe o que é o "THIS IS CHEWBACCA", abaixo o vídeo com a CHEWBACCA DEFENSE.
eu tava na porta de casa quando passaram 5 guris de alguma vila de algum bairro da volta. eram 5, e corriam pela calçada empurrando um carrinho de supermercado com um saco de lixo dentro. pararam na lixeira daqui de casa pra ver se achavam alguma coisa.
aí um deles perguntou. - tem um pão pra nós aí, tio? "não sou teu tio", pensei. mas me concentrei no pão. eu raramente como pão em casa e na hora incorporei o comportamento do semáforo: não sabendo pra que me pedem dinheiro, eu não dou. - não. - então nos consegue um copo d'água! eu devia ter lembrado que a praça aqui perto tem um bebedouro (bebedor é quem bebe, certo?), mas só me bateu que era impossível eu dizer que também não tinha água.
fui lá dentro buscar. aí, quando cheguei na cozinha, vi um monte de pão ali. minha vó foi passar uns dias fora, logo ninguém ia comer. a gurizada ia ficar contente: prometi água e trouxe pão.
apareci na porta com o pão e um dos piá largou: - po, e falou que não tinha pão. - não reclama, guri. - tá tá, não reclamo mesmo. po, tou ganhando o bagulho...
achei que tinha ganho eles com essa, mas foi só eu me virar pra voltar pra casa que um outro lançou: - ô, e a água?