segunda-feira, setembro 15, 2008

the time is gone, the song is over, thought I'd something more to say...

Semana Rick Wright - parte I

volta e meia eu penso o efeito que teria tido na minha vida se eu ou meus pais tivéssemos tido a luz de que aquele teclado Casio SA-21 ToneBank, hoje representado por um Korg e um Tokai, ia ser o início de uma paixão que ia bem além de um simples hobby. eu me ouço tocando e vejo que tudo aquilo que eu aprendi de ouvido, na base de muito esforço e de teorias musicais pessoais e, creio eu, até exclusivas, poderia exigir menos de mim se eu tivesse começado do jeito certo, sem me sujeitar aos vícios de quem aprende sozinho, tentando entender uma língua com raciocínios próprios.

mas eu acho que se eu tivesse feito isso, talvez eu também tivesse me blindado pra sempre da revolução que esse senhor provocaria anos mais tarde, no dia em que ele e uma banda que eu não fazia questão de ir ver definiram o meu amor incondicional pelo progressivo.

naquela noite, eu saí do show do pink floyd não com licks ou solos de guitarra na cabeça, mas sim com a linha de baixo de sorrow e vários, vários acordes de strings (os de keep talking, por exemplo) e hammond. na maioria das vezes, apenas tríades, tônica-terça-quinta, mas o suficiente pra sustentar uma música. mais exatamente, pra sustentar a beleza dos solos de um dos guitarristas mais inspirados de todos os tempos. aliás, eu não sei dizer até que ponto as camas de teclado do rick não foram cruciais pra que os próprios solos do gilmour explodissem in any colour he'd like. o wright fazia a cama, o gilmour fazia a fama.

se eu ou meus pais tívessemos tido a luz de me botar pra fazer aula de piano no instituto de belas artes de rio grande, eu tenho certeza que eu teria me tornado um tecladista espetacular. mas por outro lado, eu provavelmente teria deixado de me impressionar com esse cara, que foi o tecladista mais elegante que eu já vi e ouvi tocar. o rick não precisava de firulas. e é por isso que o gilmour escreveu hoje que nunca tocou com ningúem como ele. os dois sabiam fazer mais com menos, e acho que o progressivo sente falta dessa sensibilidade, hoje em dia.

esse post acabou, mas eu ainda tenho muito a dizer. começa aqui a Semana Rick Wright. até sexta pelo menos, vou tentar escrever um texto por dia sobre esse cara que foi meu primeiro professor de teclado. vai em paz, rick. te vejo no lado negro da lua.