sexta-feira, setembro 19, 2008

hey! teacher!

Semana Rick Wright - parte II

naquele 11/08/1994, eu saí do show do pink floyd não com licks ou solos de guitarra na cabeça, mas sim com a linha de baixo de sorrow e vários, vários acordes de strings (os de keep talking, por exemplo) e hammond. na maioria das vezes, apenas tríades, tônica-terça-quinta, mas o suficiente pra sustentar uma músic.

portanto nada mais lógico que eu me tornasse baterista.

sim. baterista. porque também havia gary wallis e sua incrível bateria/percussão. um legítimo showman, pulando pra alcançar os pratos mais altos e tendo ainda um espetacular SINO no kit. learning to fly sozinha já bastava pra ver que ele tava se divertindo pra caralho.

às custas disso, eu ganhei uma bateria eletrônica Yamaha DD-14. a febre durou até 1996, quando eu cansei, frustrado por não ter uma bateria de verdade, a qual nunca rolou. então um dia aconteceu de eu me dar conta que eu conseguia reproduzir os acordes de learning to fly no meu Casio SA-21 ToneBank. eu tinha até um timbre meio parecido com aquele hammond organ. e outro dia, aconteceu de eu me dar conta de que eu tinha dois teclados. e que eu poderia montar um em cima do outro e ter dois timbres ao mesmo tempo. hmmmm...

a mágica aconteceu juntando uma cadeira que eu tinha, com braços. botei um skate atravessado nos braços e montei dois livros. botei o teclado menor na frente de tudo isso, na ponta dos braços, e montei o outro em cima dos livros que estavam em cima do skate. estava feito meu teclado de dois andares. era ridículo. os dois teclados tinham teclas pequenas e no máximo 4 oitavas. mas eu tinha 13 anos, então... dava.

como eu já tinha começado com learning to fly, resolvi partir pro resto do pulse. e tirei 90% dele. nota por nota. foi a partir daí que eu comecei a assimilar a maneira do rick wright de pensar a posição dos teclados dentro das músicas. ficou difícil de dissociar "progressivo" de "teclados" a partir daí, porque claramente eram os acordes e os timbres do cara que definiam boa parte do som do pink floyd.

e ainda hoje eu paro pra pensar no assunto. eu acabei me tornando um tecladista de dedos nervosos. não sei parar quieto e, principalmente na absence of, não resisto a dobrar uma linha de guitarra ou, de repente, ser a guitarra. mas tem horas que um acorde besta, tônica-terça-quinta. ou, mais rebuscados, existem tantos acordes bonitos que, quando bem colocados, parece que criam novas dimensões pruma mesma música. basta saber usar. esse foi o maior ensinamento que eu tive do meu primeiro professor de teclado.