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(partindo da suposição de que essa vez ela vem com tudo raspado, como é possível imaginar a partir desta foto).
foto 1, texto "Antes." (ou "1985.")
foto 2, texto "Depois." (ou "2008.")texto assinatura: Cláudia Ohana na Playboy de novembro. O aquecimento é global.
assina logotipo.
obs1: diretor de arte, favor eliminar ou amenizar ou aspecto "estrias" da foto. ou achar foto de deserto liso.
obs2: é página simples ou é página dupla?
quem trabalha com comunicação sente isso direto: quando bate a crise no mundo, não interessa se teu cliente é pequeno ou grande, se ele trabalha direto com negociações em dólar ou não. o cobertor é curto e furado. quando puxarem, quem vai ser destapado É TU.
uma crise dessas é a prova de que qualquer planejamento é utópico. quando eu escrevi a minha análise de macro-ambiente econômico pro meu plano de conclusão da pós-graduação, em maio, o resumo da ópera era:
VÂMO FUNDO! até o final do ano o dólar bate nos R$ 1,50, o crédito não vai parar de aumentar pro consumidor brasileiro e a putada tá metendo o pé na jaca!
no dia 3 junho, eu lembro muito bem que a coisa começou a mudar. as ações da petrobras, por exemplo, despencaram legal, do nada. aliás, do nada não: provavelmente porque neste dia eu coloquei uma certa grana em fundos de investimento. e agora eu tou reescrevendo a parte de análise econômica. claro, como preza a boa conduta do vinícius (resumida na frase da saudosa vó do samuca, que eu nunca conheci: "quem guarda, tem") eu não joguei nada fora. eu apenas troquei todo o texto pelo condicional e iniciei um novo parágrafo, no final, que começa com O cenário financeiro, entretanto, sofreu em poucos meses uma reviravolta gigantesca...
em paralelo a isso, eu sempre imagino as divisões estratégicas das empresas no momento em que estourou a bolha do crédito imobiliário nos EUA:
- senhores, precisamos nos ajustar à crise financeira mundial.
- já estamos ajustados, senhor!
- já?
- sim! o mundo está em crise, e nós também, senhor.
segundo o matemático tristão garcia, são grandes as chances de que o meu próximo post seja... na próxima semana.
Última parte do Semestre Rick Wright, mas ninguém garante.
é complicado matar quem já morreu, mas vamos lá. eu era pra ter feito um show com a re:floyd, banda cover de... ahm... pink floyd no dia 13 de setembro, no garagem hermética. o tecladista dos caras tinha show com uma outra banda, e eu já tava me preparando pra tirar umas 6 ou 7 músicas quando o nelso, guitarrista/líder do esquema, me disse que o outro show do tecladista tinha sido cancelado.
meio frustrante. eu mesmo já tive a minha pink floyd cover em rio grande. eu me jogaria em qualquer oportunidade que me oferecessem de tocar pink floyd numa banda já pronta e ensaiada, em que o mala perfeccionista aqui pudesse simplesmente chegar, tocar, arrumar o que tem pra arrumar (sempre tem) e depois só curtir. eles fizeram o show. eu não toquei. e dois dias depois morreu o rick wright.
agora sim: completamente frustrante.
deixei uma mensagem offline no msn do nelso: "QUERO TOCAR NO PRIMEIRO SHOW QUE APARECER". pedi, levei. fui atendido em questão de 15 minutos. ele me ligou me perguntando se eu topava fazer um show em imbé, no joe's, no dia 27 de setembro. bastava eu dizer "sim" e a vaga era minha, o outro tecladista que se danasse se cancelasse o show da outra banda dele. topei na hora, é claro, e aí o nelso começou a passar o set list de apenas... 22 músicas, incluindo coisas que eu nunca tinha tirado, como DOGS, a versão original de SHINE ON e, pra finalizar, ECHOES, que nem sequer gosto muito. confirmei que eu tava dentro, mas aí eu já tava apavorado: era quinta-feira 18/09, eu só ia poder começar a trabalhar nas músicas na segunda-feira e eu não tinha praticamente nenhum timbre.
a sorte me abraçou e me deu uma pauta tranqüila na player (a agência "na qual" eu trabalho) durante aquela semana. eu trabalho em casa, logo ninguém ia estranhar que eu estivesse tocando teclado no meio do escritório. foi algo alucinante: eu tinha que timbrar 80% do dark side of the moon. dogs sozinha me tomou 16 horas ininterruptas de trabalho. learning to fly, uma tarde. comfortably numb seria uma barbada se fosse a versão do pulse, mas a original complica.no total, calculo que foram entre 50 e 60 horas SÓ de edição de timbres no korg. felizmente o tokai tx-5 evitou que eu tivesse que programar os timbres de hammond, também. e o show foi excelente: 2 horas e meia de pink floyd sem parar, com uma galera pequena, mas que tava curtindo pra caralho. o palco era bastante espaçoso e, coincidentemente, lembrava o palco do PULSE. tinha até um laser. e, pela primeira vez na minha vida, eu fiz solo de cachorro e de vento, sem falar nos efeitos de avião e de helicóptero.
e eu tive que aprender a tocar as músicas nas versões originais. sempre tirei tudo pelo PULSE, e descobri que existe uma boa diferença entre os arranjos dos discos e os arranjos de 94. confirmei a impressão que eu sempre tive de que no dvd o rick é um músico preguiçoso. os arranjos mais complicados são quase todos feitos pelo jon carin, enquanto o rick faz acordes simples e distribui sorrisos.
num post passado eu disse que tudo se baseava em tríades no trabalho dele. pois bem, me enganei. diferente dos seus últimos registros ao vivo, o wright da década de 70 era uma mente em ebulição completa. é provável que musicalmente ele tenha sido o melhor dos floyd. em shine on e dogs, eu descobri que ele subverte escalas, aplicando umas harmonias tortas. no pulse, ele simplifica shine on, cortando uns acordes diminutos que eram espetaculares.
juntando com o que nick mason diz no inside out, que em 94 o jon carin foi fundamental pra recuperar a auto-estima musical do wright, eu fiquei me perguntando: será que o wright já não tava musicalmente morto desde o the wall, ou até antes? é difícil de conceber que o mesmo cara que criou duas das peças fundamentais (the great gig in the sky e us and them) do disco fundamental dos anos 70 tenha caído tanto por nada. me parece que o roger waters matou um pouco dele já naquela época.
então eu cheguei no ensaio da absence of hoje (domingo) à noite com meus dois teclados, pra ver como eu me saía com eles fora do pink floyd. o korg ainda tava com todos os timbres do show de imbé. mas, como sempre, íamos abrir o ensaio com blank, pra aquecer. em 5 segundos eu inseri meu cartão de memória pra dar load nos timbres da banda e me dei conta de que eu não tinha salvo os timbres da re:floyd. eu tinha acabado de deletar 5 dias de edição de timbres que eu considerei como 95% perfeitos em relação ao próprio pink floyd.
que merda... doeu um pouco menos do que a própria notícia da morte dele, mas simbolicamente foi mais ou menos como se eu tivesse matado o cara. de novo.
mais fotos do show aqui. e pra fechar, meu set completo pela primeira vez em ação.