sozinho em casa, trancado no meu quarto nas tardes quentes de 96. foi assim que eu descobri de verdade aquela coisa mágica. parecia maior quando era com a minha mão. era mais forte, tomava conta de mim. mais um momento autodidata, mais uma coisa que eu aprendi a fazer sozinho.
e me divertia fazendo sozinho. meus pais trabalhando, meu irmão na escola. tardes inteiras para render uma bela tendinite. e sempre reinventando, com 2, 3, 4 ou até 5 dedos. depois me dando conta de que era possível com as duas mãos. no início só com as brancas. depois, as negras. e enfim com todas elas, derramadas na minha frente, lado a lado ou uma em cima da outra. aperfeiçando movimentos em mãos alternadas.
mais técnico, mais preciso. o resultado era cada vez mais denso, e ocupava cada vez mais o tempo que eu passava longe do quarto. em aula, na rua, em qualquer lugar. ensaiava o ato sem nem me dar conta, por cima da classe, mesmo. as gurias me olhavam estranho. os caras riam de mim.
até que um dia, me perguntaram se poderíamos fazer juntos. um amigo meu. fiquei cabreiro. e se ele soubesse mais do que eu? e se ele fosse melhor, mais experiente, mais... intenso? terrível, mas aceitei.
passada a primeira insegurança, a companhia me caiu bem. foi mais incrível ainda. repetimos. e depois de novo. e então de novo de novo.
até que decidimos que a gente queria chamar mais gente pra tocar com a gente. e montamos uma banda.
Invasion
Há 3 dias
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